Ao sair da sessão do western do diretor de Kill Biil, Pulp Fiction e Bastardos Inglórios, estava extasiado com o que vi. São duas horas e quarenta e cinco minutos acompanhando o escravo Django e seu libertador e companheiro de caça, o alemão Dr. King Schultz, em uma viagem pelo velho oeste a procura de Brunhilde, a esposa do protagonista, vendida para um fazendeiro chamado Calvin Candie. São quase três horas observando o horror que os negros sofriam, em uma terra quase sem leis. Claro, tudo isso é mostrado com a visão debochada, violenta e pop de Tarantino.
A violência, onipresente nas obras do diretor, está menor em Django Livre. Muito se discutiu sobre o quão violento era a obra, o uso de armas (ESTAMOS NO VELHO OESTE!), torturas, mas vi, o filme é muito menos violento que Bastardos, Pulp Fiction e Cães de Aluguel. A violência maior, a cometida contra os escravos, não é escancarada na tela e usada como um torture porn. Ela é filmada de ângulos mais intimistas, com cortes rápidos e explorando mais a tensão e aversão daqueles que lutam contra a escravidão e estão observando aquela situação durante a formação de um país. A cena do Dr. King relembrando a morte de um escravo, sentado na casa do assassino e com uma música de seu conterrâneo Beethoven tocando ao fundo é genial.
O elenco está sensacional. O Django de Jamie Foxx, vai mudando durante a história do filme de uma forma sutil, mas que transforma aquele recém liberto, retraído e descabelado, num caubói dos mais fodões. Já o Dr. King Schultz de Christoph Waltz entra para a galeria dos personagens memoráveis de Tarantino. O caçador de recompensas é tão sofisticado e debochado quanto o Hans Landa, interpretado por Waltz em Bastardos Inglórios. Fica difícil não comparar os dois. O que mais me agrada no personagem é a sua construção como um europeu que foi para os EUA e que fica horrorizado com o que acontece em solo americano, mesmo que isso não possa transparecer para os outros.
Entretanto, o grande destaque do filme, para mim, está em Candyland. É na fazenda que residem os dois melhores personagens de Django Livre: Calvin Candie e Stephen. O primeiro é interpretado por Leonardo DiCaprio, um dos melhores atores de sua geração, e que aqui, faz mais um dos seus grandes trabalhos ao interpretar um fazendeiro dono de escravos de brigas e também de Brunhilde. O segundo é uma atuação sensacional de Samuel L. Jackson: um negro que está na família de Candie há algumas gerações e que, bom, só posso dizer que é muito mais do que apenas um escravo manco.
Poderia falar muito mais sobre filme. Falar sobre as referências aos grandes westerns de Sergio Leone, a fotografia, a excelente trilha sonora, o roteiro com os seus diálogos sensacionais e até mesmo sobre os elementos pop, que as vezes incomodam, mas que não chegam a estragar a nova grande obra do queixudo Tarantino. Isso levaria muito tempo.
O fato é que dois dias depois de ver o filme, chego ao veredicto: Django Livre é excelente! Não é o meu filme favorito do Tarantino, mas é um dos melhores.
Meus filmes favoritos de Tarantino:
1 - Bastardos Inglórios
2 - Kill Bill
3 - Django Livre
4 - Pulp Fiction
5 - Cães de Aluguel
6 - À Prova de Morte
7 - Jackie Brown
Ps 1: Atenção para as participações especiais e sensacionais de Franco Nero, o Django original, Don Johnson e do próprio Quentin Tarantino.
Ps 2: Mais atenção ainda para a cena com Jonah Hill e Don Johnson com a Ku Klux Klan. É uma, ou talvez a melhor, piada do filme. Genial!
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