sexta-feira, 1 de julho de 2011

Na Barra do Blog - Parte 1 - Tropa de Elite 2

Essa é uma coluna que farei, dando minhas opiniões sobre todos esses filmes que compõe a Barra do Blog. (sim essas aí de cima mesmo!).


Para começar com chave de ouro, o texto que fiz na época da estréia do maior filme brasileiro de todos os tempos: Tropa de Elite 2.


Lembro que em 2007 estava entrando na faculdade e todo mundo só falava de Tropa de Elite. Os camelôs no Centro e na Tijuca (onde eu pedia dinheiro pro trote) só vendiam o filme que havia caído na rede antes da estréia. Não comprei no camelô, mas baixei em casa.


O que vi naquele dia me saltou os olhos. Via o Rio de Janeiro dominado pelo tráfico, os estudantes universitários maconheiros e a PM corrupta. Em contrapartida via dois amigos honestos, que queriam fazer o melhor trabalho possível e um anti-herói, que por meios nada ortodoxos fazia a justiça e o seu trabalho no BOPE.


O filme de José Padilha apresentava duas histórias paralelas, Mathias e Neto (respectivamente André Ramiro e Caio Junqueira) entrando para a Polícia Militar e descobrindo seus podres. E Capitão Nascimento (Wagner Moura), líder de uma equipe do Batalhão de Operações Especiais que a cada dia via a chegada de seu primeiro filho mais perto e que cada vez mais era pressionado pela mulher a abandonar o BOPE. A história destes se cruza quando Neto e Mathias tentam defender o amigo corrupto Fábio (o excelente Milhem Cortaz), acabam encurralados pelo tráfico e salvos pelo BOPE. Os três então entram no programa de preparação para a “tropa de elite”. Nascimento não perdoa os fracos e nem os corruptos. Logo Fábio “enterra” seu boné e dá adeus as Operações Especias, afinal esse tipo de pessoa “nunca serão” do BOPE!


Nascimento então acredita ter achado um substituto (Neto), mas numa “cagoetagem” este acaba sendo morto pelo tráfico e Nascimento coloca em Mathias suas esperanças. O problema é que ao longo desse tempo, o nosso “herói” foi abandonado pela família e agora vive sozinho. Tropa 1 termina exatamente como nos sentimos, Mathias dá um tiro na cara do espectador. Terminamos o filme derrotados com tanta sacanagem, medo, e bandidagem (traficante e policial) que podemos ver no Rio.


Poderia ficar páginas e páginas falando de Tropa de Elite, mas o objetivo é falar da sua sequência, tão boa ou melhor que o original de 2007. Ah, quanto ao primeiro, vi o pirata, vi no cinema e comprei o DVD! Rá!


O Inimigo agora é outro


Três anos depois José Padilha nos entrega mais uma grande obra do cinema nacional. Tropa de Elite 2 sai do micro de Tropa 1, que aborda a polícia militar e o tráfico apenas, e passa ao macro, falando novamente da PM, mas também de política de segurança pública, direitos humanos, milícias e seu envolvimento com a política.


O filme começa com Nascimento, ainda no BOPE, comandando uma operação no presídio de segurança máxima (será?) de Bangu 1, cena que merece destaque pelos (apenas) 5 minutos de Seu Jorge na tela, realmente muito bom. A operação não sai como esperado (será que Neto, não era mesmo o melhor candidato a substituto?) e o governo quer a cabeça de Nascimento.


Só que o povo clama por Nascimento, incentivados pelo deputado Fortunato (uma espécie de Wagner Montes, mesmo que os produtores não afirmem isso) que em seu programa de TV dispara frases como “bota os caveiras pra trabalhar!” e “faca na caveira e porrada na vagabundagem!”. Nascimento acaba indo parar na Secretaria de Segurança. E começa a perceber que as coisas não são bem como ele pensava.


A trama ainda nos apresenta ao novo “vilão”, o Major Rocha “Russo” (interpretado pela grande surpresa do filme, Sandro Rocha). O Major é aquele do primeiro filme que diz que “quem quer rir, tem que fazer rir”. Rocha descobre o quanto é lucrativo controlar uma comunidade e começa a dominar a zona oeste do Rio.


O filme ainda traz de volta André Ramiro como o agora Capitão Mathias (menos atuante do que no primeiro filme, mas com papel tão importante quanto), o agora Coronel Fábio, novamente interpretado muito bem por Milhem Cortaz. Este último merece destaque em uma determinada cena do filme que, bem, não posso contar, na qual mostra que seu personagem é uma construção daquele sistema que vive, nunca sendo “mau” como Rocha. E a grande novidade de Tropa 2 é a presença de Irandhir Santos como o deputado Fraga, que, inspirado no re-eleito deputado Marcelo Freixo, é a antítese de Nascimento. Defensor dos direitos humanos, Fraga negocia com bandidos e sempre pensa numa forma “diplomática” de resolver a situação. Para piorar a situação Fraga é casado com Rosane, a ex-esposa de Nascimento.


Talvez seja esse núcleo o principal para entender o Nascimento no final de Tropa 2. Seu filho Rafael, que ele comemorou tanto a chegada no primeiro filme, acredita que o pai seja um assassino. Rosane não quer esconder do filho, o que o pai faz. E Fraga não perde uma oportunidade de chamar Nascimento de facista (uma crítica aos críticos da Variety e tantos outros que assim consideraram o primeiro filme de Padilha?). Nascimento quer se aproximar do filho, mas tudo o que ocorre com a família e seu trabalho continuam afastando-o cada vez mais de Rafael. A cena da delegacia é o retrato exato desse quarteto. E o arco de Tropa de Elite 2 é tão bem estruturado que Nascimento aos poucos vai se mostrando o grande pai que quer ser. Claro que da sua forma.


Tropa 2 fala de política de uma forma debochada. O governador (Garotinho???) e seus secretários e assessores são figuras tão repugnantes que a “blitz” do fim do filme é vibrante (veja e você vai entender)! A ligação do estado e as milícias, suas arquiteturas para conseguir poder, votos e dinheiro estão entre as coisas mais nojentas que podemos pensar do nosso país. Nenhum corpo carbonizado ou sangue espirrado, no filme, traz mais repúdio do que essas cenas.


Padilha merece nossos aplausos. E muitos aplausos. Tropa de Elite 2 é um filme acima de tudo corajoso. No momento em que vivemos um época de renovação dos poderes executivos e legislativos, Padilha nos entrega uma reflexão única, como não se via nesses últimos anos. E bom, aquele final é uma porrada de mão fechada no estômago! É o sistema, que Nascimento tanto fala, pisando em nossas cabeças. Nunca deixando de ter um pouco de esperança e uma dose extra de deboche.


“O filme é 100% catorze?”


“Caveira, meu capitão!”


“Então senta o dedo nessa porra!”



Obs.: Para quem, assim como eu é fã do primeiro filme temos algumas pontas legais como Paulo e o cabo Tião, ajudantes de Neto na oficina. Renan, o “Batman” do primeiro filme. E ele o grande Azevedo! Não lembra dele? Ele tinha DOOOOOOIS filhos no primeiro! HÁ HÁ HÁ HÁ!


Obs2.: Assim como Padilha, lanço o desafio: quem achar o Dudu Nobre em Tropa 2 ganha um prêmio!



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Até o próximo: Indiana Jones e a Última Cruzada!

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