segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Gravidade

Um ambiente redondo, um corpo encolhido flutuando e uma espécie de corda na altura barriga ligando a fragilidade ao lugar seguro. O que poderia ser apenas a imagem de um bebê dentro da barriga da mãe, torna-se uma das cenas mais icônicas e belas de Gravidade, novo filme de Alfonso Cuarón.

O diretor mexicano apresenta a história da astronauta Ryan Stone que, em sua primeira viagem ao espaço, acaba em uma das piores situações possíveis. Após um acidente com detritos de um satélite destruído, Ryan fica à deriva no espaço, com pouco oxigênio e sem comunicação com a Terra. Contar mais do que isso é estragar um dos melhores filmes que vi nos últimos tempos.

A capacidade com que Cuarón consegue contar uma história simples, mas tão envolvente e angustiante, a ponto de não dar tempo de desviar o olhar da tela, é impressionante. Aqui, o diretor de E sua Mãe Também..., Filhos da Esperança e O Prisioneiro de Azkaban consegue canalizar tudo de melhor na sua filmografia e expandir ao máximo. Os planos-sequência, marca do diretor, são o ponto alto do filme. A primeira tomada, que começa mostrando a Terra e aos poucos aproxima-se do ônibus espacial, acompanhando todo o trabalho da equipe de astronautas, é sensacional. E dura uns 10 minutos! Claro, em um filme onde quase tudo é computação gráfica, fica muito mais fácil disfarçar os “cortes”. Mesmo assim, os planos contínuos impressionam muito. Vários deles, inclusive.

Impressiona também, a atuação de Sandra Bullock. Sozinha quase a maior parte do tempo, a atriz tem espaço para garantir a sua indicação ao Oscar do ano que vem. Insegura, apavorada, corajosa e deprimida são algumas das sensações que sua personagem passa. E nessa gama de diferentes emoções, Bullock consegue o melhor desempenho com a sutileza. Nos pequenos detalhes que nos levam a pensar como aquela mulher sairá dessa situação.

Gravidade é um filme para ser visto no cinema. E em 3D! O som do filme é excelente e muito bem feito, alternando momentos de barulho, silêncio - já que não há som no espaço -, respiração ofegante, batimento cardíaco e aqueles alertas do tipo VAI DAR MERDA. No final, com todos os seus simbolismos e significados, chegamos ao único momento em que a trilha sonora realmente aparece mais forte. É como se Cuarón dissesse: acorda! O filme acabou. Solta da cadeira e vai para casa.

Que filme sensacional!


Ah, o George Clooney está no filme como o comandante do ônibus espacial. É aquela coisa, ele interpreta o George Clooney de sempre, só que dentro de uma roupa espacial. E isso não é ruim.








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