quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Creed – Nascido para Lutar

Durante a produção de Fruitvale Station, longa independente que chamou a atenção dos críticos para Michael B. Jordan e o diretor Ryan Coogler, a dupla teve uma ideia: fazer uma continuação para saga de Rocky Balboa, mas com foco na família Creed. Os dois foram ao encontro de Sylvester Stallone, apresentaram a história e o filme entrou em produção. Sim, os fãs do “Garanhão Italiano” ficaram preocupados com o que estava por vir. Mas agora, depois da estreia, a verdade é que o resultado não poderia ser melhor. “Creed – Nascido para Lutar” não é apenas parte dessa trajetória, é um dos melhores filmes entre todos os sete.

Assim como aconteceu com o fenômeno “Star Wars – O Despertar da Força”, a nostalgia é o combustível para contar a história de Adonis Johnson, filho de um caso extraconjugal de Apollo Creed, pouco antes de sua morte. Essa nostalgia nos é apresentada logo em uma das primeiras cenas, quando o personagem de Jordan assiste uma das lutas entre Balboa e Creed e começa a repetir os golpes. Qual fã da série nunca fez o mesmo? E quando Stallone aparece pela primeira vez, ali onde o deixamos em “Rocky Balboa”, cuidando de seu restaurante e seguindo a vida na Filadélfia, a luta secreta entre o “Garanhão” e o “Doutrinador”, que marca o final de “Rocky III” vira assunto de conversa, deixando no ar uma pergunta que nunca foi respondida: quem venceu? A sensação permeia todo o filme. Sendo com cenas marcantes reeditadas, sendo em detalhes como um letreiro, uma roupa ou a citação de uma música das trilhas sonoras clássicas quando Rocky diz: “it’s you against you”, lembrando “Burning Heart”, do Survivor. 

Por mais nostálgico que seja, o novo filme tem suas particularidades. A cultura das ruas e o hip hop invadem a tela e Coogler filma a Filadélfia da mesma forma que é feito em um filme independente, com a câmera passeando pela cidade, mostrando detalhes do cotidiano, até encontrar os protagonistas. Completamente diferente é a forma como o diretor constrói as cenas de luta do filme, já figurando entre algumas das mais empolgantes de todos os tempos. A primeira luta oficial de Adonis é simplesmente espetacular. Construída como um plano sequência, a câmera sai do corner e percorre o ringue colada nos lutadores, trocando de posição a cada soco, afastando quando necessário para mostrar os movimentos e quase encostando nos atores para mostrar detalhes de cortes e hematomas.

Um dos grandes méritos do filme está no carisma de Stallone e Jordan. O novo protagonista vem se destacando em cada novo filme e já é um dos queridinhos de Hollywood. Seu personagem carrega o peso da infância sofrida, mas sem deixar que a mão pese no drama. Já o veterano merece o Globo de Ouro que recebeu e merecerá o Oscar que está indicado. Stallone entrega toda sua paixão por Rocky com uma naturalidade que fica difícil distinguir quando estamos vendo Balboa e quando vemos Sylvester. A cumplicidade dos personagens é de amolecer o coração até de Ivan Drago ou Clubber Lang. Quando a dupla decide seguir junta, cada um com sua batalha particular, e afirmam seu valor, sem medo do passado, Rocky Balboa e o agora Adonis Creed são imbatíveis.

Assistir ao filme numa sala de cinema lotada, com pessoas de diversas idades vibrando e aplaudindo ao primeiro acorde de uma música é de arrepiar. “Creed – Nascido para Lutar” pode ter sido pensado como mais uma continuação da história de Rocky. O que Coogler, Jordan e Stallone talvez não desconfiassem é que estavam produzindo o início de um novo futuro para a saga. Na verdade, fizeram mais. A nova história é uma renovação para o legado de Balboa.

Um comentário:

  1. Mesmo que você não goste de cinema, entre no Blog "Uma Coca e um filme" e leia pelo menos os dois últimos comentários. Meu filho, o "Globo de Ouro" é seu com certeza.
    Rede Globo, ainda dá tempo prá você convidá-lo para comentar o Oscar. É só 28 de fevereiro. Um beijo, você é demais.

    ResponderExcluir