Lembro até hoje da expectativa que estava em 2006 para a
estreia de Superman Returns. Nunca havia assistido à um filme do herói no
cinema. Sempre vi Christopher Reeve lutando contra Gene Hackman ou Terence
Stamp pela TV. Assisti também o Dean Cain ficar famoso como "o Superman da
TV" no seriado Lois & Clark. Era chegada a hora de conferir na tela
grande. E o filme contava com um cara que parecia o Christopher Reeve, um Lex
Luthor feito pelo Kevin Spacey e com Bryan Singer, que fez um dos meus filmes
de heróis preferidos, X-Men 2, como diretor. Era muito expectativa. Mas o filme
não foi tudo o que eu ou os outros espectadores desejávamos. Não era ruim, mas
o diretor trouxe para o cinema atual o Superman feito nas décadas de 70 e 80.
As pessoas detestaram e o último filho de Krypton foi parar no limbo de
Hollywood.
Nos anos seguintes, a Marvel, maior concorrente da DC
Comics, criou o seu próprio estúdio e começou a enfileirar sucessos com Homem
de Ferro e Vingadores. Já a DC viu o filme do Lanterna Verde ser destruído pelo
público e pela crítica e o projeto do filme da Liga da Justiça, dirigido por
George Miller, desabar quando quase tudo estava pronto para ser anunciado.
Dessa forma, a DC Comics e a Warner Bros. depositaram todas as
suas esperanças na nova trilogia do Batman, que já havia obtido sucesso com
Batman Begins e quebrou a barreira do 1 bilhão de dólares arrecadados com suas
duas continuações. O público passou a louvar o diretor Christopher Nolan e as
empresas acharam a esperança para trazer Clark Kent de volta. O diretor dos
filmes do Cavaleiro das Trevas não quis comandar mais uma franquia, porém
aceitou produzir "Homem de Aço". Para a direção chamaram Zack Snyder,
diretor responsável por adaptações como 300 e Watchmen.
Coube então ao roteiro criar algo novo. Um Superman que
pudesse começar uma franquia e dar o primeiro passo para eventos maiores. O
roteirista David S. Goyer, também responsável por Batman Begins, criou uma
versão do homem de aço que respeita a sua origem, que não apresenta Clark Kent
como herói clássico, mas como uma força maior. E Henry Cavill faz um excelente trabalho como um personagem que foi criado como um
de nós. Suas dúvidas e conflitos são tão humanas quanto as de qualquer um. A relação de Clark com Jonathan e
Martha, seus pais na Terra, é bem explorada. Kevin Costner está excelente como
o fazendeiro que mostra para o filho que ele pode ser a diferença para nós.
A história do filme é até simples: Krypton está em processo
de destruição por conta da exploração predatória de seus recursos. Jor-El
(Russel Crowe, ótimo) tenta uma forma de salvar o planeta, mas é impedido pelo
General Zod (Michael Shannon, excelente) que tenta tomar o poder com um golpe.
Jor-El consegue enviar o seu filho para a Terra antes da destruição e Zod
promete vingança. A partir daí o filme dá um salto temporal e já conhecemos
Kal-El/Clark Kent adulto. Sua criação na terra é contata em forma de
flashbacks.
A história foca muito no espaço, na vinda de Zod e do perigo
para a Terra e a ação desenfreada que surge nos combates do Superman. Personagens importantíssimos na história do
homem de aço, como a própria Lois Lane (Amy Adams), ficam em segundo plano. A
paixão dos dois acontece e pronto. Não há desenvolvimento. Parece que o
roteirista pensou "já que reclamaram tanto do filme anterior e da
“romantização”, vamos dar “porradaria”, destruição e todos os efeitos especiais
que o dinheiro possa comprar". Alguns furos no roteiro são notáveis:
Metrópolis sofre uma destruição digna de um apocalipse, milhões de pessoas
devem ter morrido, mas no corte para a cena final, já está tudo bem, todo mundo
trabalhando normal.
Homem de Aço é um bom filme. Mais do que isso, ele é
importantíssimo por trazer de volta o maior dos super-heróis. O filme já fez
sucesso, agradou o público e já tem continuação garantida. Ainda não é o filme
perfeito do Superman que queremos ver, mas pode ser o primeiro passo para que
não caia no esquecimento por mais tanto tempo.
Ps.: A cena da chegada de Zod na Terra é sensacional. Um
vídeo hackeado em todos os sistemas de comunicação do planeta. Mais atual
impossível.
Ps2.: A excelente trilha sonora de Hans Zimmer não tem uma
nota sequer parecida com a clássica de John Williams. Mais um desprendimento do
passado. Que bom.
Nenhum comentário:
Postar um comentário