segunda-feira, 29 de julho de 2013

Pipoca de Microondas

Hoje vou estrear uma nova coluna no blog. Com a “Pipoca de Microondas” falarei sobre os filmes que não consegui assistir no cinema, mas que não foram esquecidos, apenas conferidos no aconchego do lar. Hoje, temos três filmes: G.I. Joe – Retaliação, Oz – Mágico e Poderoso e Moonrise Kingdom. Vamos lá?


G.I. Joe – Retaliação - A continuação de A Origem de Cobra (2009) dá um tom um pouco mais realista para o exército de elite. Os Joes e os vilões ainda têm seus gadgets e veículos, mas todos aparentam ter uma tecnologia mais próxima da atual. Mais James Bond e menos ficção científica. A história segue com a ponta que foi deixada ao final do primeiro filme. Zartan é o presidente dos EUA e arma um plano para aniquilar os Joes de uma vez. Depois de um ataque em uma base no deserto (um acampamento militar, muito mais real do que o esconderijo no subsolo do primeiro filme) poucos Joes sobram. Liderados por Roadblock (Dwayne “The Rock” Johnson, com o carisma de sempre) os sobreviventes vão atrás do Joe original (Bruce Willis, sendo Bruce Willis, o que sempre vale a pena) para derrotar Zartan e o Comandante Cobra (agora sim, igualzinho ao que me lembrava do bonequinho e do desenho!!). 

G.I. Joe – Retaliação é um filme de ação bem divertido. As cenas de ação são boas, principalmente as dos ninjas. O elenco é carismático e Jonathan Pryce (Zartan/Presidente) é destaque sempre que está em cena. Mesmo mais realista o filme tem uma aura mais G.I. Joe que o primeiro. Ah, e os veículos são iguaizinhos aos de brinquedo!


Oz – Mágico e Poderoso - Sam Raimi tinha uma missão ingrata nas mãos: fazer um filme de origem para O Mágico de Oz sem falar em Dorothy, Homem de Lata ou sapatinhos de rubí, mas tendo como foco apenas Oz e seu caminho até o palácio da Cidade das Esmeraldas. Para isso escolheu o seu parceiro na trilogia Homem-Aranha, James Franco para interpretar o mágico pilantra Oscar, que assim como Dorthy, também vai parar em Oz após um tornado. Lá, conhece uma terra fantástica em que uma profecia previa a sua chegada para derrotar a Bruxa Má e liderar o povo de Oz. Com um elenco estrelado, que tem o trio de bruxas Mila Kunis, Rachel Weisz e Michelle Williams (Theodora, Evanora e Glinda), além de Zach Braff e Bill Cobbs, Raimi nos apresenta o que aconteceu a cada personagem até que eles se tornem os clássicos conhecidos. Tudo isso com o que há de mais moderno em efeitos especiais e criando belíssimas paisagens e simpáticos personagens em CGI.

O ponto alto do filme está na lembrança dos elementos do clássico de 1939 que compõem o novo filme. Todos os atores parecem estar com um quê a mais de canastrice ou exagero, mas nada que impeça o filme de ser legal. Sam Raimi sabe fazer cenas de ação e aventura legais. Algumas tomadas em que a câmera que vai e vem entre os personagens são bem interessantes. A experiência é similar ao do Alice no País das Maravilhas, de Tim Burton. Muito menos bizarro é claro.


Moonrise Kingdom - Wes Anderson é um dos diretores mais interessantes da atualidade. Seus filmes tem uma linguagem própria, uma esquisitice que a princípio pode incomodar, mas que depois é a responsável pela atmosfera que cativa. Foi assim com as famílias de Os Excêntricos Tenenbaums,  A Vida Marinha de Steve Zissou e com O Fantástico Sr. Fox. A família é mais uma vez um dos temas centrais da obra de Anderson. Aqui, o diretor mostra a aventura do primeiro amor do escoteiro Sam e da esquentadinha Suzy, dois jovens que são tratados como esquisitos e problemáticos pelos demais. Os pais de Suzy, os Bishops (Bill Murray e Frances McDormand) vivem juntos na mesma casa, mas já não são mais um casal. Já Sam é órfão e os pais adotivos não querem mais saber dele por causa de seus “problemas”.  A fuga dos dois vai mexer com a vida de todos na pequena ilha em que o filme é passado. Desde o depressivo policial (Bruce Willis, alternando com maestria o cinema de ação com filmes independentes) até todos os escoteiros do acampamento, liderados por Edward Norton (excelente).

Em toda sua esquisitice, Moonrise Kingdom consegue ser uma das histórias de amor mais originais que já vi. A estranheza de ver dois recém-adolescentes (simbolizados pelo bigodinho de Sam e pelo crescimento dos seios de Suzy) tendo um primeiro contato com seu par é sensacional. E é cotidiano. Uma camédia-drama-romance que fala sobre descobrimento, família e amizade. Moonrise Kingdom é agora o meu filme preferido de Wes Anderson.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Um novo voo para o Superman

Lembro até hoje da expectativa que estava em 2006 para a estreia de Superman Returns. Nunca havia assistido à um filme do herói no cinema. Sempre vi Christopher Reeve lutando contra Gene Hackman ou Terence Stamp pela TV. Assisti também o Dean Cain ficar famoso como "o Superman da TV" no seriado Lois & Clark. Era chegada a hora de conferir na tela grande. E o filme contava com um cara que parecia o Christopher Reeve, um Lex Luthor feito pelo Kevin Spacey e com Bryan Singer, que fez um dos meus filmes de heróis preferidos, X-Men 2, como diretor. Era muito expectativa. Mas o filme não foi tudo o que eu ou os outros espectadores desejávamos. Não era ruim, mas o diretor trouxe para o cinema atual o Superman feito nas décadas de 70 e 80. As pessoas detestaram e o último filho de Krypton foi parar no limbo de Hollywood.

Nos anos seguintes, a Marvel, maior concorrente da DC Comics, criou o seu próprio estúdio e começou a enfileirar sucessos com Homem de Ferro e Vingadores. Já a DC viu o filme do Lanterna Verde ser destruído pelo público e pela crítica e o projeto do filme da Liga da Justiça, dirigido por George Miller, desabar quando quase tudo estava pronto para ser anunciado.

Dessa forma, a DC Comics e a Warner Bros. depositaram todas as suas esperanças na nova trilogia do Batman, que já havia obtido sucesso com Batman Begins e quebrou a barreira do 1 bilhão de dólares arrecadados com suas duas continuações. O público passou a louvar o diretor Christopher Nolan e as empresas acharam a esperança para trazer Clark Kent de volta. O diretor dos filmes do Cavaleiro das Trevas não quis comandar mais uma franquia, porém aceitou produzir "Homem de Aço". Para a direção chamaram Zack Snyder, diretor responsável por adaptações como 300 e Watchmen.

Coube então ao roteiro criar algo novo. Um Superman que pudesse começar uma franquia e dar o primeiro passo para eventos maiores. O roteirista David S. Goyer, também responsável por Batman Begins, criou uma versão do homem de aço que respeita a sua origem, que não apresenta Clark Kent como herói clássico, mas como uma força maior. E Henry Cavill faz um excelente trabalho como um personagem que foi criado como um de nós. Suas dúvidas e conflitos são tão humanas quanto as de qualquer um. A relação de Clark com Jonathan e Martha, seus pais na Terra, é bem explorada. Kevin Costner está excelente como o fazendeiro que mostra para o filho que ele pode ser a diferença para nós.

A história do filme é até simples: Krypton está em processo de destruição por conta da exploração predatória de seus recursos. Jor-El (Russel Crowe, ótimo) tenta uma forma de salvar o planeta, mas é impedido pelo General Zod (Michael Shannon, excelente) que tenta tomar o poder com um golpe. Jor-El consegue enviar o seu filho para a Terra antes da destruição e Zod promete vingança. A partir daí o filme dá um salto temporal e já conhecemos Kal-El/Clark Kent adulto. Sua criação na terra é contata em forma de flashbacks.

A história foca muito no espaço, na vinda de Zod e do perigo para a Terra e a ação desenfreada que surge nos combates do Superman.  Personagens importantíssimos na história do homem de aço, como a própria Lois Lane (Amy Adams), ficam em segundo plano. A paixão dos dois acontece e pronto. Não há desenvolvimento. Parece que o roteirista pensou "já que reclamaram tanto do filme anterior e da “romantização”, vamos dar “porradaria”, destruição e todos os efeitos especiais que o dinheiro possa comprar". Alguns furos no roteiro são notáveis: Metrópolis sofre uma destruição digna de um apocalipse, milhões de pessoas devem ter morrido, mas no corte para a cena final, já está tudo bem, todo mundo trabalhando normal.

Homem de Aço é um bom filme. Mais do que isso, ele é importantíssimo por trazer de volta o maior dos super-heróis. O filme já fez sucesso, agradou o público e já tem continuação garantida. Ainda não é o filme perfeito do Superman que queremos ver, mas pode ser o primeiro passo para que não caia no esquecimento por mais tanto tempo.



Ps.: A cena da chegada de Zod na Terra é sensacional. Um vídeo hackeado em todos os sistemas de comunicação do planeta. Mais atual impossível.


Ps2.: A excelente trilha sonora de Hans Zimmer não tem uma nota sequer parecida com a clássica de John Williams. Mais um desprendimento do passado. Que bom.