terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Muito mais que barba e chapéu

Antes de falar de Lincoln, vou expressar o sentimento de escrever sobre um dos diretores que me fez gostar de cinema: Steven Spielberg. Por causa desse cara eu tenho esse blog e é por causa dele que tenho uma centena de filmes e já assisti outras tantas. Quando eu era pequeno assisti Jurassic Park e fiquei embasbacado. Assistia Indiana Jones sempre que podia. Tinha medo do Tubarão, adorava o E.T., comecei a gostar da Segunda Guerra com A Lista de Schindler e depois confirmei com O Resgate do Soldado Ryan. Spielberg, mesmo errando as vezes, é cinema e ponto.

Mas vamos ao que interessa. Lincoln conta o momento mais marcante da carreira política do amado, idolatrado e endeusado 16º presidente dos EUA. Ao contrário do que poderia ser uma biografia com toda a sua vida, o diretor foca na articulação para a libertação dos escravos com a aprovação da 13ª emenda. A Guerra entre a União e os Confederados já dura quatro anos. O lado do sul, agrícola e escravista, está enfraquecido. Entretanto o fim da guerra pode não viabilizar a aprovação. Lincoln e seus aliados começam um jogo, corrupto certas vezes, para conseguir o apoio necessário na câmara.

Lincoln é um filme de atuações. Spielberg deixa de lado as grandes sequências de ação e de guerra, para focar nos personagens. E são muitos. O Lincoln de Daniel Day-Lewis é, como toda atuação do inglês, sensacional. A voz mais fina, a serenidade e o andar encurvado, como se o peso da guerra não o deixasse levantar direito, nos faz acreditar que Abraham era realmente daquela forma. Em determinados momentos não enxergamos o ator dentro do personagem. Outra atuação excelente é a de Tommy Lee Jones, como Thaddeus Stevens. Jones deveria ganhar um Oscar pela melhor cara de rabugento da história. Duas cenas são sensacionais e marcantes. O momento de seu discurso na câmara é o ponto alto. Entretanto o momento da história em que a cara amarrada muda para a ternura é digna do Oscar ao qual está indicado.

Do resto do elenco, James Spader rouba todas as cenas em que aparece. Já Sally Field está um tom acima do que deveria ser a perturbada e rancorosa esposa de Lincoln. O filho do presidente, feito por Joseph Gordon-Levitt é totalmente dispensável e só traz mais um drama para o presidente. Spielberg conseguiu reunir bons nomes para seus papéis secundários como Jared Harris, David Strathairn, John Hawkes, Jackie Earle Haley, Tim Blake Nelson, Lee Pace e outros que tem papéis pequenos, mas que cumprem o proposto.

Lincoln é um belo filme. A fotografia é linda, toda feita com a luz das velas e das janelas que compõem o ambiente, a música de John Williams está calma, sem querer aparecer mais do que a própria cena. A recriação da época também é impecável. A única coisa que me incomodou no filme foi o final. Spielberg tinha o final perfeito para o filme, mas buscou uma pieguice que, para mim, não havia necessidade. Nada que estrague seu trabalho, mas o diretor buscou uma emoção que talvez só os americanos tenham e que não precisava ficar exposta na tela a troco de nada.






Nenhum comentário:

Postar um comentário