segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Ô-Ô-Ô-Ô! ROCK IN RIO!

E o Rock in Rio acabou nesse domingo, dia 22 de setembro.

Depois de sete dias de muitos shows, o festival termina com um saldo muito positivo. Vou listar os principais pontos positivos e negativos do evento em si, além dos melhores shows, surpresas e decepções.

Bora lá!

Estrutura:

Ficou muito claro para quem esteve na edição passada e na desse ano, que a diminuição do público fez muito bem ao Rock in Rio. O tempo para entrar na Cidade do Rock até as filas para comprar comida e bebida diminui. A circulação dentro do espaço, mesmo que dificultado pelos grandes grupos que sentavam ou deitavam na grama, também foi mais tranquila.  Até os banheiros, que sofreram com falta d’água e com filas, tinham um fluxo tranquilo.

Outro destaque foi o sistema de transportes para ir e voltar do festival. O esquema de ônibus fazendo a ligação com o terminal Alvorada e de lá distribuindo para o resto dos destinos foi acertadíssimo. A quantidade de ônibus era muito grande e as filas andavam rápido.

O Rock in Rio pecou em alguns aspectos apenas. O som do Palco Sunset, um dos grandes destaques desta edição, esteve ruim e baixo em vários shows, inclusive em alguns principais, como foi o caso do Offspring. Outro problema nos palcos era a grande quantidade de câmeras. No Palco Mundo, dois cinegrafistas atrapalhavam a visão de uma boa parte dos espectadores que ficavam próximos ao palco, nas laterais. Já no Sunset, fotógrafos atrapalhavam aqueles que passaram horas nas grades esperando para ver os shows. Em um dos casos, um dos espectadores chegou a brigar com o profissional, que subiu em um banquinho e tapou toda a visão de quem estava atrás por cerca de três músicas.

A falta de pias para higienização das mãos, nos banheiros, também foi um dos pontos fracos. Apenas uma era disponibilizada. No banheiro masculino, a fila para lavar a mão era maior do que para usar os sanitários.  Já no feminino, duas pias para cada 8 cabines mais ou menos.

Shows:

Os melhores:

Bruce Springsteen: considerado o melhor do festival por quase todos os veículos da imprensa, o show do “Boss”, como é chamado pelos fãs, merece todos esses elogios. A entrega de Springsteen no palco e a banda sensacional que o acompanha fizeram a apresentação entrar para a história do festival. Bruce chamou fãs ao palco, deixou que o público tocasse sua guitarra e fez tudo o que podia para tornar o momento, depois de 25 anos de espera, único e inesquecível para os fãs. O repertório contou com todas as músicas do disco “Born in the U.S.A.”. "Hungry Hearts", "Glory Days" e, claro, "Dancing in the Dark" foram pontos altos da apresentação, que ainda contou com um cover de “Sociedade Alternativa”, de Raul Seixas. Springsteen deixou claro para o Rock in Rio e para quem não o conhecia que é um dos melhores no meio. Que volte logo.

Justin Timberlake: desde a apresentação do N’Sync, no Rock in Rio 3, em 2001, que Timberlake não se apresentava no Brasil. De lá para cá a boyband acabou e o cantor começou a enfileirar hits a cada novo CD, mesmo que isso demorasse anos para acontecer. Em Futuresex/Lovesound e agora com The 20/20 Experience, o cantor conseguiu as melhores críticas possíveis. E seu show não poderia ser melhor. A apresentação reuniu o que havia de melhor nos últimos trabalhos do cantor e excluiu a sombra do N’Sync que ainda o persegue. Com uma banda sensacional e coreografias sem muita invenção, Timberlake levou as meninas a loucura e promoveu uma grande festa no Rock in Rio. Em um final apoteótico com "Suit & Tie", "Mirrors" e "Sexyback", o cantor provou porque é um dos melhores, senão o melhor, da cena Pop atual. Seu ídolo Michael Jackson ficaria orgulhoso.

Nickelback: A banda de Chad Kroeger veio ao Brasil pela primeira vez e ficou assustada com a quantidade de fãs que encontrou no Rock in Rio. E isso não é nem um pouco ruim. Com um show na medida certa e enfileirando hits, o Nickelback colocou até os mais ressabidos para pular com "Animals", "Something in Your Mouth" e "Burn it to the Ground". Presentes nas rádios brasileiras ao longo da última década com canções como "How You Remind Me", "Photograph", "Someday" e "Too Bad", a banda teve quase todas as músicas cantadas com um grande coro do público. Kroeger prometeu voltar em breve. Eu, como fã da banda, espero que aconteça logo.

Metallica: liderada por James Hetfield, a banda era uma das mais esperadas e mais queridas do festival. Com um vocalista simpático e um setlist com o que há de melhor (ok, tem uma ou outra de um dos piores CDs da banda) na discografia, não foi difícil agradar ainda mais o público. Com um repertório muito parecido com o de 2011, o Metallica tacou fogo na Cidade do Rock com "Master of Puppets", "One" e "Enter Sandman". Mas a melhor parte do show, e aquela que toda banda sonha em ter, é o encerramento com "Seek and Destroy". O show do Metallica é tão bom que fica a dúvida de até quando serão convidados para fechar uma noite do Rock in Rio, fica repetitivo, mas não fica nenhum pouco ruim.

Muse: o power trio inglês fechou o único dia de rock do primeiro fim de semana. E não havia show melhor (e mais barulhento) para isso. A força da guitarra de Matt Bellamy ensurdeceu os que estavam assistindo ao show do Palco Mundo. Com a maioria do público aguardando o show, o Muse fez uma apresentação curta, se compararmos aos outros headliners do festival. Em 1h30 o trio tocou seus maiores sucessos e conseguiram transformar as chatas músicas do CD 2nd Law em um showzaço. Destaque para “Time is Running Out”, “Starlight” (com Matt andando no meio do público), Madness e Knight of Cydonia, com introdução de Ennio Morrione.

- Iron Maiden: a banda inglesa encerrou o Rock in Rio da forma perfeita. É impressionante como Iron Maiden é muito melhor ao vivo do que em estúdio. Bruce Dickinson não para quieto um minuto e o resto da banda atrai os olhares com suas guitarras e baixo nervosos. O palco do Iron Maiden é digno de um carnavalesco. Imagens paradas e articuladas do personagem símbolo Eddie aparecem em todos os momentos do show. E uma delas, vestido de confederado, tocou bateria com Nicko McBrian. O show é um espetáculo e o grupo se aproveita dos hits (e as mesmas canções de todo show) para empolgar cada vez mais a plateia. Desfilaram no carnaval do Iron Maiden “Aces High”, “Fear of the Dark”, “The Number of the Beast”, “The Trooper”, entre outras. Um show que merece ser visto e revisto sempre.

Surpresas:

Vintage Trouble: uma das primeiras atrações do Rock in Rio e tocando no Palco Sunset, a banda californiana apresentou um blues rock de primeiríssima qualidade. Já tinha ouvido algumas músicas deles, mas a força do vocalista Ty Taylor impressionou. O ritmo foi interrompido com a participação da cantora Jesuton, mas nada que tirasse o brilho da apresentação ou que atrapalhasse o final sensacional com “Run Like River” e “Strike”. WOW!

The Offspring: que a galera da minha geração, 25 anos, tenha ouvido muito Offspring, não é surpresa para ninguém. Agora, fazer um showzaço, muitos anos depois e ainda driblar problemas de som, aí sim foi surpresa. O show do The Offspring entrou para a galeria “Esse deveria estar no palco mundo” em 2013. Em uma hora de show, a banda tocou 18 músicas, quase sem intervalo. Sucessos como “I Want You Bad” e “Pretty Fly (For a White Guy)” foram uma das mais entoadas pela plateia. The Offspring pode não ter a repercussão de 10 anos atrás, mas ainda tem muito fã doido para entrar numa rodinha ao som desse punk-rock.

Sepultura + Les Tambours Du Bronx / Sepultura e Zé Ramalho: o Sepultura é a maior banda de rock brasileira e também a com maior sucesso fora do país. Depois do sucesso do show de 2011, ainda no Palco Sunset, Andreas Kisser, Derrick Green e Cia foram promovidos ao Palco Mundo, para abrir a primeira noite de Metal do Rock in Rio. E que sonzaço realiza a mistura do canto gutural de Green com a percussão dos franceses Tambours Du Bronx.  O final apoteótico com “Roots Bloody Roots” fez os roqueiros da plateia delirarem. Entretanto, a jornada do Sepultura não havia terminado. No último dia, voltaram ao Palco Sunset e fizeram uma parceria sensacional com Zé Ramalho. “Admirável Gado Novo” foi cantado por milhares de pessoas. O cantor e a banda, claro, ficaram admirados com o carinho do público.

John Mayer: eu admito, realmente tinha implicância com John Mayer. Entretanto, depois que ouvi o seu último CD, Paradise Valley, passei a dar mais atenção para o que eu considerava “rock de menina”. John Mayer é um excelente músico e tem o seu público. Além disso, seu show foi carismático e com atenção aos milhares de fãs (principalmente as meninas) que estavam ali apenas para vê-lo. John trocou Vultures por Stop This Train, graças ao pedido do público. Abriu o show com “No Such Thing”, música que tem deixado de fora do seu repertório, mas que é adorada por muitos. Emendou sucessos como “Your Body is a Wonderland”, “Daughters”, “Slow Dancing in a Burning Room”, “Waiting on the World to Change” e as novas “Dear Marie” e “Wildfire”. Todas foram cantadas a plenos pulmões pelo público.

Rob Zombie: o cantor/diretor/produtor surpreendeu aos que ainda se reestabeleciam do show do Sepultura + Tambours Du Bronx, no Palco Mundo, com uma apresentação forte e teatralizada. O vocalista do White Zombie não deixou a o ritmo cair em momento nenhum da apresentação. Seus trejeitos e caras foram um show por si só. Zombie fez a alegria do público com “Meet the Creeper”, “Superbeast” e “Thunder Kiss ‘65”. Fique na música, Rob. Você é muito melhor do que no cinema.

George Benson + Ivan Lins: um dos shows que mais queria assistir no Rock in Rio 2013 era esse. Muito mais por ser fã do George Benson do que por outras coisas. E não me decepcionei. Pelo contrário, a entrada do Ivan Lins no show, só acrescentou ao repertório e à alegria de George Benson. O guitarrista americano começou emendando sucessos como “Love x Love”, “Kisses in the Moonlight” e “Give Me the Night”. Com a entrada de Ivan Lins, o show virou uma festa entre os dois músicos. Cheio de babação de ovo, Benson disse que Ivan era seu “compositor preferido no mundo”. O show terminou com uma grande apresentação dos dois com “On Broadway”. Sensacional.

Decepções:

Bon Jovi: difícil dizer que saí decepcionado do show do Bon Jovi. Mas foi o que aconteceu. Isso não quer dizer que o show foi ruim. Não mesmo. Mas algo parecia estranho naquela noite. A banda estava retalhada devido aos problemas recentes (Richie Sambora e as drogas e Tico Torres com apendicite e problema na vesícula) e Jon parecia estar sentindo aquilo. A escolha do repertório também foi equivocada. Muitos dos sucessos que os fãs queriam ouvir não foram tocados, e as músicas do novo (e chatíssimo) CD da banda sobraram. Para quem nunca havia assistido o Bon Jovi, a experiência foi excelente. Para quem os viu em sua última vinda ao Brasil (2010) fica a certeza de que aquele bom show, poderia ter sido showzaço.

Beyoncé: assim como o show do Bon Jovi, a primeira atração principal do Rock in Rio fez um bom show. Mas depois de tudo o que foi dito sobre a apresentação, as danças e tudo mais, o show foi um “É... foi legal”. As incessantes trocas de roupa quebravam o ritmo de um show composto só por hits. Não era para deixar a bola cair com tantos sucessos, mas a cada três músicas, lá vinha um vídeo (chaaaaaato) e Beyoncé aparecia com uma roupa nova. O show teve seu público e ninguém vai dizer que não gostou. Mas para quem é “de fora” poderia se esperar mais.

Capital Inicial: vou colocar o Capital nessa lista porque, por mais que o show da banda de Brasília seja sempre com os mesmos hits, isso não atrapalha. Quem vai ao show quer escutar “Primeiros Erros” e tantas outras que Dinho Ouro Preto deixou de fora para tocar suas músicas novas e chatas. Entre muitos “Cara” e “do caralho”, Dinho não conseguiu nem fazer um protesto decente. Aquele velho-jovem soou como um velho-velho pra cacete. Era tão simples apenas emular o show de 2011.

No mais:

Thirty Secondos to Mars foi um bom show para quem é fã e um espetáculo interessante para quem não conhecia. Jared Leto é um puta showman.

David Ghetta foi ok. Nada mais.

Florence and The Machine foi um bom show. Uma bom descanso entre a correria de Jared Leto e a barulheira do Muse. Aquele momento para os não-fãs irem ao banheiro e comer alguma coisa.

Alicia Keys fez um bom show, porém, assim como Florence, mais uma pausa entre a animada Jessie J e Justin Timberlake.

- As banda brasileiras que abriram os dias foram ótimas, tirando o Capital Inicial. Jota QuestSkank, Frejat e Ivete Sangalo enfileiraram seus sucessos e outros de artistas brasileiros e foram bons “esquenta” para o que estava por vir. Até o Kiara Rocks, talvez a mais desconhecida de todas as bandas do Palco Mundo, fez um bom show. Agradou aos metaleiros que esperavam Slayer e Iron Maiden.

Matchbox Twenty fez um show esforçado para agradar ao público. A boa banda (com um guitarrista que é a cara do Ron Perlman, o Hellboy), alguns sucessos e um cover dos Rolling Stones deixaram o show mais animado.

Phillip Phillips foi ajudado pela popularidade de John Mayer, a quem costuma abrir os shows, e conseguiu que suas músicas fossem cantadas pelas fãs do namorado da Katy Perry.


QUE VENHA O ROCK IN RIO 2015!